ATA DA DÉCIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 10.08.1995.

 


Aos dez dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e quarenta e três minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor José Barrionuevo, de acordo com o Requerimento nº 19/92 (Processo nº 0966/92), de autoria do Vereador Artur Zanella. Compuseram a Mesa: Vereador Airto Ferronato, Presidente desta Casa, Senhor Nelson Proença, representante do Senhor Governador do Estado, Jornalista Adauto Vasconcellos, representante do Senhor Prefeito Municipal, Deputado Quintilhano Vieira, Presidente, em Exercício, da Assembléia Legislativa, Senhor José Barrionuevo, homenageado e sua esposa Marisa Barrionuevo, Senhor Luiz Melíbio Uiraçaba, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral - TRE e o Senhor Cláudio Bonatto, representante da Procuradoria Geral da Justiça. Após, o Senhor Presidente registrou, como extensão da Mesa, as presenças das seguintes pessoas: Aline e Diego, filhos do Homenageado, dos Deputados Estaduais Sérgio Zambiazi, João Fischer, Arno Frantz, Bernardo de Souza, Paulo Azeredo, Luiz Carlos Casagrande e Ledevino Piccinini, dos Vereadores Mário Fraga, Clóvis Ilgenfritz, Luiz Braz, Pedro Américo Leal, Isaac Ainhorn, Milton Zuanazzi, João Motta, Henrique Fontana e Maria do Rosário, dos ex-Vereadores Frederico Barbosa, Wilson Santos, Hermes Dutra e Bernadete Vidal, dos Senhores Clóvis Ferreti, Procurador Geral da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, Rubens Ardenghi, Secretário Geral do PTB, Mário Fichel, representando, neste Ato, o Delegado do Ministério da Educação e Cultura no Estado, Coronel Irani Flores da Silva, representando o Comando Militar do Sul, Jornalista Firmino Cardoso, representando a Associação Riograndense de Imprensa, Antônio Karl Biedermann, Presidente da Associação Comercial de Porto Alegre, Jorge Olavo Carvalho Leite, representando o Grupo Hospitalar Conceição, Sérgio Schapke, Presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Hugo Filipini, representando a Diretoria da Companhia União de Seguros Gerais, João Batista Brool, representando a Diretoria da Rádio Gaúcha, Berfram Rosado, Presidente da Companhia Riograndense de Saneamento, Walter Souza, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Porto Alegre, Humberto Cesar Busnello, representando a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul - FIERGS, João Carlos Bona Garcia, representando a Fundação do Desenvolvimento de Recursos Humanos do Estado e como Secretário Geral do PMDB, José Júlio Carucio, representando a Secretaria de Desenvolvimento de Assuntos Internacionais do Estado, Mayer Avruch, Presidente da SULGÁS do Estado, Gianfranco Cimenti, Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Porto Alegre e da Senhora Maria Teresa Bastides, representando o Grupo Habitasul. Fez, ainda, a leitura de "fax" remetido pelo Prefeito de Caxias do Sul, Senhor Mário Vanin. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Artur Zanella, como proponente e pela Bancada do PP, elogiou a atuação do homenageado, dizendo que sua Coluna no jornal Zero Hora reflete uma opinião importante e independente. O Vereador Nereu D'Ávila, pela Bancada do PDT, disse que o Homenageado trata-se de um jornalista de amplitude política, de dimensões muito grandes no Estado e que analisa os fatos de forma responsável, restrita a verdade. A Vereadora Clênia Maranhão, pela Bancada do PMDB, manifestou sua satisfação em poder homenagear José Barrionuevo, pela sua inegável importância e contribuição ao jornalismo gaúcho. O Vereador Jocelin Azambuja, destacou o profissionalismo do homenageado, que há mais de vinte anos exerce dignamente sua profissão. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPR, saudou o homenageado, solicitando que continue no mesmo caminho, pesquisando a verdade e fazendo o bem-comum. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, enfatizou a figura humana do homenageado e sua determinação profissional. A Vereadora Helena Bonumá, em nome da Bancada do PT, disse que o seu Partido possui divergências com o homenageado em relação aos rumos da política e da Cidade, mas que isto faz parte de uma Imprensa democrática. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS, manifestou ao homenageado o seu desejo de que continue transmitindo através de seus comentários, o mesmo grau de intensidade que os cidadãos protoalegrenses vêem o momento político que passamos. O Vereador Antonio Hohlfeldt, em nome da Bancada do PSDB, falou ao homenageado, que na sua Coluna, a política deixou de ser a fofoca, o boato, e se transformou na informação, com seriedade, dignidade e competência. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador Artur Zanella para que, juntos, fizessem a entrega do Diploma alusivo ao Título ora outorgado ao Senhor José Barrionuevo, concedendo, logo após, a palavra a Sua Senhoria que agradeceu por essa homenagem a todos os presentes e à Casa. Às dezenove horas e dez minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, agradecendo a presença de todos e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Airto Ferronato, nos termos regimentais e secretariados pelo Vereador Artur Zanella, Secretário "ad hoc". Do que eu, Artur Zanella, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)

 

 


O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Declaramos aberta esta Sessão Solene que se destina à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao nosso ilustre jornalista, amigo desta Casa e da Cidade de Porto Alegre, José Barrionuevo, conforme Requerimento nº 19/92, de autoria do Ver. Artur Zanella.

Acompanham-nos na Mesa: o Exmo. Sr. Chefe da Casa Civil, Dr. Nelson Proença, representando o Sr. Governador do Estado; o Exmo. Sr. Jornalista Adaucto Vasconcellos, representando o Sr. Prefeito Municipal; o Exmo. Sr. Presidente em exercício da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, Deputado Quitilhano Vieira; o Exmo. Sr. José Barrionuevo, homenageado na tarde de hoje; a Exma. Sra. Marisa Barrionuevo, esposa do homenageado; o Exmo. Sr. Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Dr. Luiz Melíbio Uiraçaba; o Exmo. Sr. Dr. Cláudio Bonatto, representante da Procuradoria Geral de Justiça.

Senhoras, Senhores, ilustres autoridades, Srs. Vereadores, Srs. Secretários e Deputados. Em primeiro lugar, eu gostaria, em nome desta Presidência, de aproveitar esta oportunidade ímpar que me é dada para cumprimentar a Câmara Municipal de Porto Alegre por esta iniciativa de homenagear o nosso ilustre Jornalista José Barrionuevo. Cumprimento também o Ver. Artur Zanella, que é o proponente desse Requerimento, o qual teve a aprovação unânime dos Srs. Vereadores. A presença de tantas autoridades e ilustres visitantes e amigos do nosso homenageado demonstra o acerto que a Câmara teve quando aprovou esse título.

Para mim é uma satisfação ter esta possibilidade de presidir a Casa neste momento em que esta Sessão se procede e que tem por objetivo homenagear a ilustre figura do jornalismo, o nosso amigo José Barrionuevo, jornalista que está sempre em busca de soluções para os problemas de nossa comunidade. O Barrionuevo tem uma carreira pontilhada de êxitos. Desde os tempos duros da repressão, quando soube driblar a censura com maestria, durante sua bem-sucedida passagem pela Empresa Jornalística Cladas Júnior, até os dias atuais, na RBS, nosso homenageado tem marcado sua atuação com inteligência e sensatez.

A imprensa, exercida de modo consciente e responsável, tem o papel importante de auxiliar a comunidade que representa a desenvolver seu senso crítico, podendo exigir e pressionar pelos seus direitos como cidadão. A imprensa consciente e responsável também é auxiliar indispensável para quem exerce tanto o trabalho executivo como o legislativo no serviço público, ajudando-nos a estabelecer parâmetros e a conhecer os anseios da coletividade.

Dentro desse espírito, não podemos deixar de reconhecer o destaque merecido das atividades da "Zero Hora", em especial no que diz respeito à página liderada pelo Jornalista José Barrionuevo, mesmo quando suas palavras são de críticas. Certamente, quem está à frente de uma instituição sempre será sujeito a elas. Temos avaliado de modo a aprimorar e até para corrigir nossas atividades.

Com satisfação, passo a palavra ao proponente, Ver. Artur Zanella, que fala também em nome da Bancada do PP.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Comentava, há poucos minutos, que esta Sessão é uma tragédia para a Relações Públicas e para o Cerimonial porque, provavelmente, no decorrer das nossa orações, podemos esquecer algumas pessoas. Não posso esquecer alguns Deputados que aqui vejo: Dep. Paulo Azeredo, do PDT; Dep. Sérgio Zambiasi, do PTB; Dep. Piccinini, também do PTB, Dep. Arno Frantz, do PPR; Dep. João Fischer, também do PPR; e tantas pessoas amigas desta Cidade, desta Casa, que nos dão a honra e o prazer de suas presenças. Dizia que seria um terror para o Cerimonial. É um terror também para o orador, que deveria agradecer a presença de todos nominalmente, mas não é possível. Então, aleatoriamente, e arriscando, também, a ser mal interpretado, eu queria resumir a minha saudação às pessoas que aqui estão: aos políticos, no nome de Rubens Ardenghi; aos empresários, no querido Presidente da FEDERASUL, Antônio Karl Biedermann; e às mulheres, na minha sempre amiga Maria Teresa Druck Bastides.

Meus senhores, acompanho a carreira do Barrionuevo desde os tempos em que aqui chegou vindo de Gaurama, passando pela Caldas Júnior, hoje na RBS. E o Barrionuevo, com quem nunca tive relações pessoais muito estreitas ou afetuosas, foi escolhido para apresentação desse título - temos direito a um título por ano - porque eu tenho a imprensa como representante de uma era de transformação política. Vivemos neste País uma era de ebulição. Os acontecimentos se multiplicam, se atropelam, e o povo, os políticos, as pessoas de todas as classes sociais se perguntam aonde é que nós vamos.  É necessário, então, que haja uma perfeita informação por parte dos órgãos da imprensa para que essas informações cheguem à população, e, queiramos ou não queiramos, o poder orientador dos cronistas políticos é muito importante. E é por isso, então, que, entre tantos jornalistas que existem na Cidade, eu apresentei este título tornando o Barrionuevo "Cidadão de Porto Alegre". Não é uma coisa pessoal, somente, mas, principalmente, o que eu quero é que se homenageiem as pessoas que transmitem para toda a população uma informação com que, às vezes, nós concordamos, outras vezes, nós discordamos. Normalmente se concorda quando se gosta; normalmente nós não concordamos com aquilo que não gostamos. Mas, felizmente, nesta plêiade de pessoas que, de uma forma ou outra, procuram orientar, nós temos um grupo seleto de pessoas - cronistas e jornalistas -, e o Barrionuevo tem mantido aquilo que eu considero uma das suas grandes virtudes, que é a abertura da sua coluna no jornal, na pág. 10, que é tão importante que, às vezes, sai na pág. 12 ou na pág. 8, mas sempre é a "Página 10", porque é, normalmente, uma das colunas mais procuradas, principalmente pelos políticos, para que nós tenhamos naquele dia, praticamente - e muita gente reclama disso -, até, quem sabe, uma pauta para que nós possamos discutir os problemas deste País, deste Estado e deste Município.

Então, eu queria dizer exatamente isto: eu mantenho com o Barrionuevo uma relação restrita de profissionalismo. Ele é uma pessoa que coloca na sua coluna aquilo que ele pensa, concordem ou não as pessoas. Muitas delas não concordam, e muitas vezes eu até fico com vontade de telefonar e dizer que não é assim, e não o faço, porque eu sei que ele é imune a esse tipo de coisas, daquilo que nós chamamos de "plantar notícias". Eu posso não gostar, e de vez em quando, quando o encontro, digo-lhe: "Dessa não gostei". Mas tenho absoluta tranqüilidade em dizer que a sua coluna reflete uma opinião importante e independente.

É por isso que hoje, Barrionuevo, nesta Câmara Municipal de Vereadores, que existe, segundo meus cálculos, há 222 anos, nós, os trinta e três Vereadores, estamos incluindo uma pessoa que veio de Gaurama - de vez em quando, para atacá-lo, muitos o chamam de ex-seminarista - como um daqueles "Cidadãos de Porto Alegre". Isso, na minha opinião, é uma responsabilidade muito grande.

Costumo dizer que, quando a Câmara Municipal de Vereadores começou a existir - primeiro em Viamão, depois em Porto Alegre -, não existiam os Estados da América do Norte. Os Estados Unidos da América do Norte não eram independentes e a Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre já existia. Não havia acontecido a Revolução Francesa e a Câmara Municipal de Porto Alegre já existia. Não havia Prefeito nesta Cidade e a Câmara Municipal já existia. É por isso que nós, Vereadores, temos total legitimidade para dizer quais as pessoas que merecem ser cidadãs de Porto Alegre. Uma delas, dentro do meu conceito, é o Sr. José Barrionuevo, que hoje, juntamente com sua esposa Marisa, com seus filhos Diego e Aline, recebe uma responsabilidade muito grande, porque isto que está ocorrendo no dia de hoje não é um fecho da colaboração que o Barrionuevo tem que ter com esta Cidade, não é o final de suas responsabilidades com Porto Alegre, mas é o início de um trabalho que ele tem que fazer cada vez mais em prol desta Cidade, que recebeu a todos nós e a qual tanto amamos e tanto queremos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Nereu D'Ávila pelo PDT.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Srs. Deputados, Srs. Vereadores, representantes de associações, jornalistas que prestigiam este ato. Senhoras e Senhores. Vendo esta representatividade toda, Barrionuevo, dá uma idéia da tua responsabilidade naquela "Página 10".

Evidentemente, nós, Vereadores de Porto Alegre, nos sentimos também muito honrados em poder outorgar, afinal de contas, a um dos mais ilustres jornalistas da classe política, poder homenageá-lo através do título que o nobre Ver. Artur Zanella propôs e esta Casa aprovou por unanimidade para classificar a importância que damos. E permita-me dizer, Barrionuevo, que amplificamos esta homenagem, através do teu nome, àqueles analistas políticos que, de uma maneira ou de outra, convivem conosco, nos representam, porque analisam os nossos atos. Então, dentro dessa medida, o ato fica amplificado. Aliás, quem fala em nome da Bancada normalmente é o proponente - o Ver. Artur Zanella, que falaria pela Bancada do PDT. Mas pedi a ele que falasse em nome pessoal, como proponente, e concedesse ao Líder da Bancada, dos nove Vereadores,  para ampliar a importância do ato político porque se trata de um jornalista de amplitude política, de dimensões muito grandes no Rio Grande do Sul.

Não se trata de encômios ou bajulações à pessoa do José Barrionuevo, que o proponente acaba de exaltar pela sua ilibada atuação anterior dentro das diversas atividades que exerceu no jornalismo gaúcho, mas, muito mais do que isso, se trata da representatividade de quem tem uma responsabilidade conosco, porque nós somos, também, artífices desse processo, o contraponto daquilo que os analistas políticos exercem. Além da pessoa que homenageamos, mais do que ela, homenageamos a sociedade gaúcha aqui representada, o que dá a dimensão do alcance, da amplitude da representatividade política do homenageado muito além da sua homenagem pessoal, e que também a merece.

Eu costumo dizer que a grandeza do homem não se mede pela vida que ele possa levar, seja ela uma vida pomposa ou obscura. A grandeza do homem se mede pelos atos que pratica, pelas idéias que difunde ou pelo sentimento que ele comunica aos semelhantes. Aí vêm as idéias que um jornalista propõe quando analisa fatos além do jornal, no rádio ou na TV, dos sentimentos que esse jornalista muitas vezes experimenta com a possibilidade de uma denúncia e com a repercussão que sabe que vai ter pela importância dos veículos que representa. Então, ele, muitas vezes, se auto-reprime para não fazer uma denúncia que depois não venha a corresponder aos fatos verdadeiros.

Para respeitar o meu tempo, e em respeito a esta homenagem, eu, que ainda tinha alinhavado algumas questões, encerro dizendo o que o Vereador proponente já sintetizou: que aqui não cabe concordar ou discordar das opiniões do nobre jornalista. Aliás, diga-se de passagem e registre-se para os anais da história, estamos vivendo uma das grandes plenitudes, graças a Deus, neste País: a plena democracia exercida com a ampla e absoluta liberdade de imprensa. Sem essa não há democracia e muito menos liberdade absoluta. Por isso, também neste momento nos ufanamos de, graças a Deus, depois de longos anos obscuros, podermos hoje dizer o que quisermos e, se afirmarmos aquilo que ofenda, por um motivo ou outro, alguém, este buscará o reparo na Justiça, que também, graças a Deus, se mantém dentro dos mais absolutos cânones de liberdade.

Que essa homenagem seja o ápice de tudo isso - liberdade de imprensa, liberdade política e tudo -, mas que a responsabilidade do jornalista em analisar os fatos conosco continue restrita à verdade, como tem sido até agora. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Vera. Clênia Maranhão pela Bancada do PMDB.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, José Barrionuevo, nosso homenageado desta tarde, demais autoridades já nominadas que compõem a Mesa. Quero dizer que falo, neste momento, em meu nome pessoal e em nome da Bancada do PMDB.

Ser colunista político do jornal mais influente do Rio Grande do Sul não é tarefa das mais fáceis. Devo dizer, até, que se trata de uma das mais delicadas responsabilidades do jornalismo. Quem não sabe da importância de uma simples nota em um jornal que tem a circulação média de duzentos mil exemplares? A divulgação de uma informação pode mudar, muitas vezes, o rumo dos acontecimentos. Pode até mudar o rumo de nossas vidas e de toda a população. Sabemos também que nem sempre é muito fácil ter que lidar diariamente com os políticos, cada um com suas idéias, teses, lutas, derrotas e vitórias.

Fechar uma coluna diária em um jornal influente como "Zero Hora" deve ser realmente estimulante e ao mesmo tempo estressante. O grande volume de informações que, com certeza, chega todos os dias na mesa de José Barrionuevo exige clareza, bom senso e lucidez para decidir o que será ou não publicado. Também é necessário ter coragem para divulgar notícias que não sejam do interesse de todos.

É com muita satisfação que homenageamos nesta Casa o ilustre Jornalista José Barrionuevo pela sua inegável importância e contribuição ao jornalismo gaúcho. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Como extensão da Mesa, queremos citar as presenças da Aline e do Diego, filhos do nosso homenageado; dos Deputados Estaduais Sérgio Zambiasi, João Fischer, Arno Frantz, Bernardo de Souza, Paulo Azeredo, Luiz Carlos Casagrande e Lederino Piccinini. Citamos também as presenças dos nossos Vereadores, além daqueles que vão fazer o uso da palavra: Vereadores Mário Fraga, Clóvis Ilgenfritz, Luiz Braz, Isaac Ainhorn, Pedro Américo Leal, Milton Zuanazzi, João Motta, Henrique Fontana. Registramos também as presenças do Dr. Clóvis Ferreti, Procurador-Geral da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul; Dr. Rubens Ardenghi, Secretário-Geral do PTB; dos ex-Vereadores Frederico Barbosa, Wilson Santos, Hermes Dutra; da Sra. Maria Teresa Bastides, representando o Grupo Habitasul; do Sr. Mário Fischer, representando, neste ato, o Delegado do MEC no Rio Grande do Sul; do Cel. Irani Flores da Siqueira, representando o Comando Militar do Sul; Jornalista Firmino Cardoso, neste ato representando a ARI; do Dr. Antônio Karl Biedermann, Presidente da Associação Comercial de Porto Alegre; do Sr. Jorge Olavo Carvalho Leite, representando o Grupo Hospitalar Conceição; do Sr. Sérgio Schapke, Presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas; do Sr. Hugo Filipini, representando a Diretoria da Cia. União de Seguros; do Sr. João Batista Brool, representando a Direção-Geral do DAER; do Sr. Marco Antônio Baggio, representando a Direção da Rádio Gaúcha; do Dr. Berfram Rosado, Presidente da CORSAN; do Sr. Walter Souza, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Porto Alegre; do Sr. Humberto Cesar Busnello, representando a FIERGS; do Sr. João Carlos Bona Garcia, representando a Fundação do Desenvolvimento de Recursos Humanos do Estado e do PMDB Regional, nosso Secretário-Geral do Partido; do Sr. José Júlio Carucio, representando a Secretaria de Desenvolvimento de Assuntos Internacionais.

Passamos a palavra ao Ver. Jocelin Azambuja, que fala pela sua Bancada, o PTB.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Aqui falamos em nome do Partido Trabalhista Brasileiro, em nome dos Vereadores desta Bancada - Ver. Luiz Braz, Ver. Paulo Brum e Ver. Edi Morelli.

É sempre uma responsabilidade muito grande a de poder dizer algumas palavras e tentar expressar um sentimento. Eu, outro dia, lia a matéria de um jornal do Sindicato dos Jornalistas em que o Jornalista Barrionuevo dava uma entrevista e dizia: "É plenamente possível manter a independência nas coberturas políticas." E, grifado, dizia: "Isto depende da competência de cada profissional." É verdade. Cada profissional distingue-se pela sua competência.

Vivemos um momento muito difícil na vida nacional, um momento em que a ética, em todos os locais, está sendo discutida: no Judiciário, no Legislativo e no Executivo. Em todas as áreas questiona-se o que é ser ético, o que é ser profissional, o que é poder, realmente, desenvolver um trabalho sério e de responsabilidade.

Outro dia fiquei triste ao ver que, de repente, numa área em que tanto luto, que é a área da educação, base de tudo para o desenvolvimento de uma sociedade - e que esta sociedade tem tão mal compreendido e tratado -, dizia-se, em determinado momento, que os professores começaram a dar aula de acordo com o salário que ganhavam. Fiquei a questionar: imagina se cada um começar a trabalhar de acordo com o que ganha e o médico parar a cirurgia no momento em que disser: "Olha, este salário aqui, do INSS, é pouco; então eu faço a cirurgia até aqui e depois não farei mais." Um jornalista, quem sabe, faria um terço do seu trabalho, o outro faria um décimo, etc. Vejam o que é o futuro de uma sociedade no momento em que, num campo fundamental, crítico, de segurança da sociedade, os profissionais admitem que vão passar a trabalhar de acordo com o que ganham. Isso é a quebra de todo e qualquer princípio moral e ético. Imaginem a responsabilidade de um jornalista que pode construir ou destruir com as suas palavras ou com aquilo que escreve. Imaginem a responsabilidade da imprensa, que se diz, até, que é o primeiro poder, acima de qualquer outro. Que capacidade de poder construir e destruir! Vejam quanto se desperdiça neste País na construção verdadeira de um grande país e de uma sociedade melhor.

É importante que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre preste esta homenagem ao José Barrionuevo, que há mais de vinte anos exerce dignamente a sua profissão, recebendo as críticas, os aplausos. Enfim, é um profissional. Temos que respeitar os grandes profissionais, aqueles que se destacam na sociedade, aqueles que têm capacidade de desenvolvimento e de progresso. O Barrionuevo demostrou isso ao longo dos tempos. Nunca tive oportunidade de um convívio mais íntimo com a sua pessoa, com a sua família, mas acredito que é a base do seu esteio, porque sem os seus filhos, sem a sua esposa, sem construir um lar, ele não teria construído a sua vida profissional. Por isso que esta homenagem que nós, do Partido Trabalhista Brasileiro, fazemos e a homenagem que a Câmara de Vereadores faz é muito importante, porque a presta a alguém que desenvolve um trabalho sério e responsável, que talvez não agrade a tantos, que talvez não satisfaça a tantos, mas que é um compromisso seu de trabalho profissional. Isso, realmente, é muito importante.

Porto Alegre - tenham certeza os senhores - vai sentir-se mais engrandecida prestando hoje esta homenagem a José Barrionuevo, como já prestou a tantas outras figuras ilustres da nossa sociedade. São momentos como este que alegram a todos nós. Continue sendo profissional, Barrionuevo. É isso que a sociedade quer de ti, é disso que Porto Alegre precisa por parte de seus filhos e é isso que queremos de todos aqueles que estão dando de si para o futuro da nossa sociedade, do nosso Município de Porto Alegre, do nosso Rio Grande do Sul e do nosso País, que precisam tanto de homens sérios e dignos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para falar em nome da Bancada do PPR.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A imprensa, numa definição que li e penso que é a mais perfeita, é a pesquisa da verdade. E nessa pesquisa da verdade o jornalista tem que se esmerar, viver incompreensões, dificuldades, mas, sobretudo, ele tem que ter responsabilidade, porque vai formar a opinião pública. É a mesma coisa que o político deve fazer: a pesquisa da verdade, que termina levando à realização do bem-comum. Então, o bom jornalista faz isso. Esse bom jornalista foi reconhecido pela Câmara Municipal, porque, no seu trabalho, muitas vezes incompreendido, criticado, outras tantas e muitas mais aplaudido pela excelência do trabalho, faz com que a opinião pública se forme com lisura, com tranqüilidade. Passadas as incompreensões, as dificuldades, se vê que o jornalista foi perfeito, responsável, deu oportunidade de defesa a quem estava sendo criticado. Esse é o trabalho do jornalista. Queremos que continue assim.

Um jornalista vive sempre num palco, que é iluminado, e os refletores estão sobre ele. Aparentemente, o jornalista tem a vida mais fácil; nada é dificuldade, tudo se resolve, tudo é tranqüilo: ele ganha bem, não tem problema. Isso é pura fantasia. E para que ele consiga trabalhar e continuar trabalhando, na forma como ele faz, é preciso que alguém mais lhe dê apoio, e apoio permanente. E foi por isso que, quando eu fiz a saudação, eu disse "ao casal homenageado", à Dona Marisa e ao José Barrionuevo, mas também ao Diego e a Aline, que, nas horas difíceis do nosso homenageado, quando viram o pai chegar em casa, o marido chegar em casa e o aplaudiram, era a maior platéia que ele poderia encontrar, dando-lhe entusiasmo, dando-lhe força para que continuasse sendo o mesmo homem, para que, apesar das dificuldades, não se entregasse e continuasse fazendo imprensa, ou seja, a pesquisa da verdade.

Meu caro Barrionuevo, na vida de todos nós, nós temos um banco. Neste banco nós colocamos, nós depositamos nossas grandes emoções, porque há momentos em que vamos precisar delas. Então, na nossa poupança, na tua poupança, coloca esse momento de glória de hoje, junto com os teus familiares, e tomara que não seja necessário, mas, se um dia for necessário, usa essa poupança de hoje. Hoje a glória, a amizade, o respeito, o carinho da Cidade de Porto Alegre está-lhe sendo tributado. Usa tudo isso com todo o carinho e continua nesta trilha segura e firme, pesquisando a verdade e fazendo o bem-comum. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Reginaldo Pujol, que falará em nome da sua Bancada, o PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os  componentes da Mesa.) Caro Jornalista José Barrionuevo e sua Exma. esposa. Nós, do Partido da Frente Liberal, somamo-nos aos demais partidos com assento na Casa na homenagem que hoje a Cidade de Porto Alegre presta ao destacado Jornalista José Barrionuevo. Há poucos minutos eu recebi um telefonema do Dep. Jair Soares, que pedia que em seu nome eu estendesse ao ilustre homenageado o seu abraço e as suas homenagens, como de resto me pede o Dep. Germano Bonow, que aqui se faz presente na figura do seu Assessor Marcelo Balbo Teixeira, que lhe transmita idênticos sentimentos.

Tivemos oportunidade de ouvir, até o presente momento, diferentes segmentos representados na Casa, posturas ideológicas diversificadas, que convergem no sentido de saudar a decisão do Legislativo Porto-Alegrense que, em inspirado momento, decidiu pela concessão da Cidadania Emérita desta Cidade a esse filho de Gaurama que veio cedo lutar na Cidade de Porto Alegre, buscando seu espaço. Na visão liberal, esse é um dos exemplos mais edificantes. Nós acreditamos numa sociedade onde a qualificação, a capacidade de luta, o desejo de encontrar caminhos se abram a vários "Barrionuevos" que, na vida, tenham que se deslocar das suas cidades para, na grande cidade, buscar a afirmação de seus propósitos e de seus desejos.

Eu discutia com meu amigo e companheiro de jornada Frederico Otávio Domingues Barbosa da conveniência de que nós, liberais, usássemos desta tribuna nesta hora muito mais para enfatizar a figura humana do nosso homenageado do que propriamente para descrever a sua vitória profissional, o seu credenciamento como jornalista, fato este já amplamente evidenciado pelos nossos companheiros de representação política na Casa e que nos antecederam na tribuna. Então, meus Senhores e minhas Senhoras, acertamos que, para nós, seria mais importante falar sobre o homem José Barrionuevo, o homem simples, o homem que é chefe de família, que é pai extremoso, que luta para ser caseiro, que é ligado amplamente à vida familiar e que busca, nos poucos momentos que lhe sobram, conviver com a sua esposa Marisa, com seus filhos Aline e Diego e cuidar de sua hortinha caseira, que tem no fundo do quintal, e como filho de Gaurama, ainda que hoje se transformando em Cidadão de Porto Alegre, sorver o seu chimarrão, lembrando das suas origens. É esse Barrionuevo caseiro que fui conhecer há mais de vinte anos na minha Quaraí, num jipe que teimava em trepidar numa estrada que nos ligava a uma fazenda que distava 15km da minha Cidade, onde havíamos, com algumas personalidades da vida política da época, confraternizado em torno do tradicional churrasco da minha Cidade.

Barrionuevo, aquele trepidar do jipe é a nossa vida que continua trepidando. Ela é cheia de caminhos e descaminhos, mas, certamente, é no aconchego do teu lar, com tua esposa, com teus filhos, que sei que o grande aplauso surgirá, porque sei que tu, que te acostumaste à crítica e ao aplauso pela forma polêmica com que ocupas teu espaço jornalístico e te dedicas a tua atividade profissional, sabes que, no fundo, ninguém consegue ser nada na vida se não for um bom chefe de família, um pai extremoso, um companheiro da sua maior companheira, que é aquela que temos permanentemente no nosso lado.

Continua sendo assim, Barrionuevo. Quero continuar te vendo aquele cabra que sentia o balançar do jipe, mas sabia que, cedo ou tarde, chegaríamos. No caminho, tinhas determinação de chegar a um bom fim. Meus cumprimentos, minhas homenagens pela tua vitória pessoal, que te impuseste, na tua profissão, e na consideração da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença da Vera. Maria do Rosário. Recebemos "fax" do Prefeito Municipal de Caxias do Sul, Sr. Mário Vanin, cumprimentando o homenageado.

A Vera. Helena Bonumá está com a palavra em nome da Bancada do PT.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente; Sr. José Barrionuevo, homenageado de hoje desta Câmara de Vereadores; demais componentes da Mesa; Srs. Deputados; demais autoridades; familiares do Jornalista José Barrionuevo; Senhores e Senhoras que nos acompanham nesta Sessão Solene. O Partido dos Trabalhadores entende que não poderia deixar de comparecer a esta Sessão basicamente por dois motivos.

Em primeiro lugar, porque entendemos que uma condição fundamental para o desenvolvimento da democracia na nossa sociedade é o respeito à pluralidade, às diferenças culturais, políticas, ideológicas, dentre outras tantas características que nos distinguem como seres humanos, como grupos sociais, como partidos e setores políticos da sociedade. A necessidade do respeito à diferença e à democracia não é teórica ou abstrata; ela é fruto da experiência concreta da humanidade, e particularmente, aqui, do povo brasileiro, principalmente nas últimas décadas que temos vivido e que se referem à nossa existência política, a qual todos nós temos acompanhado.

Diversos conflitos e barbarismos de todo tipo ainda indicam que temos muito a andar em termos de uma humanização plena das relações pessoais e sociais como forma de construção de uma sociedade mais justa e fraterna, que é o objetivo final da política. Portanto, faz parte das nossas prioridades, como partido político representando aqui em Porto Alegre uma parcela expressiva da população, a garantia do pluralismo como condição para a democracia, para a qual o nosso fazer político cotidiano busca contribuir. Ao mesmo tempo, temos a convicção de que esta Casa, esta Câmara de Vereadores, como um espaço político e democrático, bem reflete a pluralidade da nossa sociedade e da nossa Cidade, trazendo para cá os interesses e a representatividade dos diversos segmentos que a compõem.

Há pouco mais de um ano esta Câmara homenageou, por iniciativa desta Vereadora, também com o Título de Cidadão de Porto Alegre, a Ivanete Tonin, a Nina, do Movimento Sem-Terra, num reconhecimento da luta dessa parcela excluída da nossa sociedade e da figura emblemática dessa mulher lutadora pela reforma agrária. Muitas outras têm sido as homenagens que esta Câmara tem prestado pelas diversas bancadas e pelos diversos Vereadores. Entendemos que todos nós temos o direito de homenagear os nossos e temos, principalmente, o dever de respeitar o pluralismo como condição para a construção da democracia.

O segundo motivo pelo qual entendemos ser importante participar desta Sessão é que uma homenagem a um homem da imprensa, comentarista político, nos remete ao papel que os meios de comunicação e particularmente o jornalismo político têm cumprido em nosso País nos últimos anos. Somos um país continental num frágil enraizamento nas organizações da sociedade civil e com uma forte presença da mídia.

Podemos dizer que, do final da década de 80 para cá, a política vira espetáculo graças à mediatização do fazer político com conseqüências restritas ao nosso real processo de democratização. São inúmeros os exemplos. Nesta Câmara, temos debatido muito sobre esse assunto e não é o caso de citá-los aqui. Particularmente, a relação da política com a mídia questiona o próprio futuro do que se convencionou chamar de política. Alguns Vereadores hoje, aqui, já referenciaram isso, as mudanças que esse avanço nos meios de comunicação da sociedade têm trazido para a própria política. Torna-se isso uma questão de grande complexidade teórico-política, merecendo um debate mais aprofundado que inúmeras vezes tem sido registrado nesta tribuna a partir de questões concretas que ocorrem na nossa Cidade e no restante do nosso País. A luta política contemporânea pelo alargamento da participação da população nos destinos do País, e aqui, particularmente, nos destinos da nossa Cidade, pela socialização real da política, pela desconcentração do poder, enfim, pela realização de uma efetiva e radical democracia na sociedade, requer uma radical democratização também dos meios de comunicação e do acesso às informações. A atividade política é exercida na dimensão pública da sociedade através, principalmente, de dois canais: a mediação dos meios de comunicação e através do seu contato direto de intervenção concreta junto a setores organizados da população. Em um país com características como o nosso, onde a sociedade civil tem uma frágil e desrespeitada experiência de organização e onde os meios de comunicação estão na mão de uns poucos monopólios sintonizados com os interesses das elites dominantes, a possibilidade de democracia ainda é restrita. É uma perversa lógica que percebe e utiliza os aparatos de comunicação como locais privilegiados de concentração de poder, de um poder tão fundamental que pode se falar, sem medo de errar, que sem a democratização de comunicação e seu controle público não se poderá falar em democracia real no País.

Por fim, para finalizar este debate, com a tolerância da presidência, nosso partido tem tido, com o homenageado, por diversas vezes, divergências quanto à visão do que seja melhor para os rumos da política e para os rumos da nossa Cidade, mas nós achamos que estas questões fazem parte do debate necessário que o País e particularmente Porto Alegre têm que enfrentar para construir o seu futuro. Nossa bancada entende que a comunicação democrática tem como pressuposto uma ética das relações entre os conflitos, cuja garantia repousa na efetivação da socialização do poder político e econômico, sem o que sempre haverá, por parte de quem tem o monopólio, a autoridade da palavra e do poder.

A vocação democrática do nosso partido é que nos impulsiona a lutar pelo espaço para que jornalistas de opinião como o Sr. Barrionuevo - homenageado de hoje - e para que partidos de opinião - como o nosso - tenham, democraticamente, para suas manifestações, o espaço garantido como contribuição ao debate político e à democratização da nossa sociedade. Este é o sentido de nossa presença nesta Sessão. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos, também, a presença do Sr. Gianfranco Cimenti, Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Porto Alegre.

O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra e falará em nome da sua Bancada, o PPS.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) As relações do jornalista com o governo remontam aos primórdios dos parlamentos e do surgimento da imprensa. E notem que eu não falei em imprensa e nem em poder. Uma é a instituição, e o outro é a diferença sociológica que separa governo e poder. Mas hoje é difícil de se conseguir separar esta relação, até porque ao jornalista, como ser humano, cabe uma responsabilidade enorme nesse concerto de dirigir a sociedade. E não é outra a razão desta seleta assistência hoje, aqui nesta Casa, poucas vezes acontecida: a importância que se dá ao cidadão que, circunstancialmente, exerce essa soma de poder. E por isso, Barrionuevo, não vamos tratar aqui de aprofundar essas relações - o conceito de jornalismo político, de influência que o cidadão jornalista tem. Apenas vamos ficar na planície, dizendo, nesta breve saudação, que gostaríamos e gostaremos que, como Cidadão Emérito de Porto Alegre, tu continues sendo o homem comum que todos nós queremos ser, que a nossa visão política seja transmitida através dos teus comentários com o grau de intensidade com que cada homem, cada cidadão, vê o momento político que passamos.

Nós, particularmente, representantes da Cidade de Porto Alegre, temos uma preocupação em exaltar o poder local que hoje, no concerto político que se estabelece no mundo, é um dos fatores primordiais da perseguição do bem-comum. É no Município onde se assentam os pés do cidadão comum, é onde ele vive, onde ele transita, onde ele se diverte, onde ele padece, onde ele ri, onde ele chora, onde ele se alimenta, onde vive a sua vida com seus descendentes. A perpetuação da espécie dá-se no Município e, por isso, hoje o Município é um fator fundamental de poder político, com todas as implicações que ele tem. Teremos a ventura de ter um jornalista político, como Porto Alegre já teve jornalista políticos de nome nacional e internacional. José Barrionuevo é mais um dos jornalistas políticos de Porto Alegre que se sobressai.

Apenas para uma referência histórica, vou dizer que, antes de Porto Alegre, vindo de Gaurama, passou por Santa Cruz do Sul, a nossa terra, onde ele vai encontrar a sua companheira.

Barrionuevo, que a vida nos proporcione muitas alegrias como concidadãos desta Cidade que queremos, gostamos, amamos e que temos a intenção de fazer progredir cada vez mais. Parabéns pela cidadania! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença, também, da ex-Vereadora Bernadete Vidal.

Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt pelo PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Deputado Quintilhano Vieira, a Mesa e, obviamente, a Marisa e o José Barrionuevo. É uma tarefa ingrata falar depois dessa série de companheiros. Ao mesmo tempo, é um desafio e uma alegria. Certamente tu, que acostumaste, ao longo desses anos, neste horário, a estar absolutamente azafamado com o fechamento de página desde os tempos dos jornais em Santa Cruz, depois no "Correio", hoje em "Zero Hora", deves estar descobrindo que, às vezes, é mais difícil agüentar uma Sessão, num Legislativo, do que fazer o trabalho de edição do jornalismo. Digo isso porque reparto com o Barrionuevo, na condição de jornalista, também essa função - eventualmente, hoje em dia.

Barrionuevo, quero aqui falar não apenas em nome do Partido Social Democrático Brasileiro - o PSDB -,  mas também do meu companheiro, Dep. Estadual Paulo Vidal, que está viajando e não pôde comparecer a esta Sessão.

Retomando algumas coisas que o Ver. Lauro Hagemann abordava, não é por acaso que, ao estudarmos a história do jornalismo, vinculamos a uma atividade política a atividade do jornalismo. É bom lembrar que Júlio César, quando quis controlar o Senado, obrigou-o a editar as "Actas Diurnas". Normalmente, consideramos isso como a origem do jornalismo - pelo menos, como a origem da primeira reportagem política. Ele queria, com isso, censurar o Senado, mas não evitou a traição de Brutus. Mas, na verdade, esse jornalismo político mudou de função, mudou de caráter, mudou de perspectiva e se tornou, com o passar do tempo, o que denominamos de "quarto poder" e passou a ter um peso significativo na formação da opinião pública. Se lermos qualquer manual, por mais simples que seja, sobre opinião pública, veremos que essa é talvez uma das mais importantes atividades da sociedade humana de um modo geral, o que justifica, inclusive, esta assembléia na tarde de hoje.

Conheci o Barrionuevo há alguns anos na Redação do "Correio do Povo" - ele, já experimentado jornalista, e eu, aprendendo a caminhar no jornalismo e muito mais na política. Guardo alguns bons debates que travei com Barrionuevo nos finais de tarde e, às vezes, na madrugada, quando estávamos fechando páginas. Lembro, depois, eu já afastado do jornal, Vereador da Cidade, de uma tarefa que o Barrionuevo participou com extremo empenho: a renovação do "Correio do Povo",  na sua reabertura. Quero lembrar isso porque, além de todo o colunismo do José Barrionuevo, há uma outra contribuição fundamental que, felizmente, para mim, os companheiros que me antecederam não citaram aqui. É exatamente o projeto de um novo jornalismo na reabertura do "Correio do Povo", que foi fundamental para se evitar o monopólio de informação, o que é básico para a democracia. Exatamente isso que nem nós, jornalistas, acreditávamos: que um jornal pequeno - um tablóide -, para quem já tivera um grande jornal no Estado, poderia dar certo. Era um novo conceito de informação. E o Barrionuevo, com a pequena equipe que sobrara da Caldas Júnior, investiu.

Mas há mais contribuição do jornalista, não apenas do colunista político. Quero relembrar, por exemplo, a experiência - fundamental para nós - da "Revista Parlamento", que circulou no Estado do Rio Grande do Sul durante muitos anos e na qual tive a honra de participar da equipe a convite do José Barrionuevo, fazendo a página com as resenhas dos livros que se vinculavam direta ou indiretamente à atividade política.

O Ver. Reginaldo Pujol citou a horta e eu vou citar o cozinheiro. Afinal de contas, uma das coisas fundamentais é exatamente essa mania que muitos de nós têm, certamente, de podermos, no nosso fim-de-semana ou no nosso tempo livre, irmos para a cozinha substituir eventualmente as nossas companheiras. Porque só cozinhamos, não é Barrionuevo? Depois, lavar é outra coisa. Experimentar as panelas também é fundamental.

O profissional Barrionuevo enfrenta muitos desafios no dia-a-dia, mas estamos aqui por uma questão fundamental: aprendemos a ter confiança no jornalismo de José Barrionuevo. Duvido que alguém aqui já tenha algum dia conversado em "off" com Barrionuevo, para usar o nosso jargão jornalístico. Quando dizemos a ele "é ‘off’", ele  respeitou, aguardou o momento oportuno de lançar mão dessa informação e soube quando podia publicá-la ou não. Não falo só dos Vereadores, dos Deputados. Falo dos empresários, de todos os que fazem a vida política da Cidade, não só dos partidos políticos, mas que lidam com a economia, com as decisões estratégicas de governo. Certamente, o Dep. Nelson Proença, nessa função difícil, o nosso companheiro Adaucto Vasconcellos, representante do Prefeito, já viveram essas situações: passarmos informações que entendemos que o jornalista tem que ter, mas lhe dizemos: "Isso, por enquanto, é ‘off’." E isso é respeitado pelo jornalista. Isso é que torna, independente das discordâncias - como bem colocou a Vera. Helena Bonumá - que eventualmente possamos ter tido, que faz o respeito da coluna, do espaço, hoje da página de José Barrionuevo.

Por fim, queria registrar mais objetivamente o que nós, Vereadores desta Casa, muito especialmente te devemos: o espaço da Câmara de Vereadores no noticiário político. Houve momentos, nos anos 50 e 60, no "Correio do Povo", em que existia meia página para a Câmara de Vereadores, ou na "Folha da Tarde". Isso depois foi diminuindo. É importante a atividade da Câmara. No teu espaço, antes no "Correio" e hoje na "Zero Hora", como de resto no rádio e na televisão, tens dado o espaço necessário à Câmara de Vereadores, não para diminuir a Assembléia, não para diminuir os Executivos, mas para valorizar o poder local, que é o espaço do cidadão, é onde, no fundo, a política de fato se concretiza, se exerce. Por tudo isso é um mérito fundamental nesse trabalho do jornalista e comentarista político José Barrionuevo. No seu espaço, a política deixou de ser a fofoca, o boato, e se transformou na informação, com seriedade, dignidade e com competência.

Mereces a presença de todas essas pessoas que representam tantos e tantos outros segmentos da sociedade de Porto Alegre. Muito obrigado por teres vindo a Porto Alegre e continuado nessa atividade em nossa Cidade. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar a presença do Sr. Mayer, Presidente da SULGÁS do Rio Grande do Sul.

Convidamos o Ver. Artur Zanella para, junto com este Presidente, fazer a entrega do Diploma.

 

(É feita a entrega do Diploma.)

 

Com a palavra, o nosso homenageado, Cidadão Emérito de Porto Alegre, Jornalista José Barrionuevo.

 

O SR. JOSÉ BARRIONUEVO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Receber o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre é gloriosamente gratificante e constrangedor ao mesmo tempo. Gratificante pelo reconhecimento que representa por parte de uma cidade e de sua Casa Legislativa; também constrangedor pela certeza de que esta Cidade fez muito, muito mais por mim do que poderia e deveria ter feito por ela para merecer tamanha honraria. Porto Alegre foi a Cidade que escolhi para viver, que escolhi para trabalhar, para formar família e criar meus filhos.

Vindo do Interior, vindo de Gaurama, de Erexim, Santa Cruz, aqui encontrei a oportunidade de trabalhar, de crescer, de fincar raízes e de estabelecer amizades sólidas e duradouras. O título que estou recebendo será guardado com destaque naquele local em que depositamos nossas melhores recordações, nossas mais gratas experiências, orgulhos e realizações; ocupará o mesmo lugar, portanto, que reservamos aos nossos afetos. Sim, porque Porto Alegre, antes de mais nada, nos conquista por sua empatia e pela riqueza nas relações que podemos estabelecer numa Cidade.

Mas a concessão deste título por parte de uma casa política a um jornalista político tem ainda outro significado. Tenho feito da crítica, que sempre mantive e procurei manter em níveis ponderados, respeitosos, uma ferramenta de trabalho ao longo de quase 25 anos de exercício profissional. E essa Câmara de Vereadores tem sido, por vezes, objeto dessa crítica. Existirá maior grandeza do que permitir, do que retribuir a crítica com a concessão de uma láurea? Existe maior grandeza? É este o espírito da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, que reflete exatamente o espírito do povo desta Cidade. Além de mostrar a elevada postura democrática desta Casa, revela uma compreensão, nem sempre apreendida, do espírito que deve orientar o jornalista no exercício diário de sua profissão. A Câmara de Porto Alegre soube e saberá crescer com a crítica, fazer dela um elemento de reflexão e, acima de tudo, de crescimento. E, como porta-voz eventual dessas críticas, só posso me sentir ainda mais honrado por este título que recebo, honrado também, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, amigos aqui presentes, porque é concedido por uma Casa que tem se destacado no Estado e no País pela qualidade de seus integrantes, pelos princípios éticos, pelo amor à causa pública, o que também é um reflexo da politização dos seus eleitores, dos cidadãos que delegaram aos  senhores esse mandato sagrado de representar o povo.

Não digo nada de novo a quem acompanha o meu trabalho no dia-a-dia, nesta relação muitas vezes complicada entre a imprensa e o poder político, ao referir o cuidado que sempre tive na crítica, na avaliação de conflitos comuns, na disputa entre correntes diferentes de pensamentos, de preservar a instituição política, esta instituição, esta Casa, o Parlamento, porque é nele que se sustenta a democracia. É uma instituição que respeito profundamente, porque nela está expressa a vontade soberana do povo, e, portanto, é uma missão das mais sagradas esta de representar o povo neste Plenário, que é o estuário das tensões, dos temores e das esperanças desta Cidade.

É com este sentimento, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que recebo o título. Com este sentimento agradeço ao Ver. Artur Zanella, que ousou fazer esta proposta ao Plenário, que mereceu a unanimidade desta Casa. Agradeço aos Vereadores Nereu D'Ávila, Clênia Maranhão, Jocelin Azambuja, João Dib, Reginaldo Pujol, Helena Bonumá, Lauro Hagemann, Antonio Hohlfeldt pelas palavras bondosas, pelas palavras gentis, carinhosas, que me dedicaram. Agradeço a presença de parentes, amigos vindos de longe, amigos que reencontro após algum tempo. Agradeço a presença de companheiros de trabalho da RSB, uma casa que me recebeu tão bem, onde tenho orgulho de trabalhar, colegas de outras empresas, do "Correio do Povo", onde dediquei vinte anos da minha vida, onde tenho muitos amigos. Marisa, minha mulher, companheira deste andar, pela força, pelo apoio, nestes anos todos. Dona Aldir, meus filhos Diego e Aline, pela compreensão. Sou um pai ausente, como todos os senhores que se dedicam ao sacerdócio da política. Mas agradeço, especialmente, a Deus, a Ele, que traça o nosso destino, que me conduziu até aqui, e é a Ele a quem devemos prestar contas e louvar todos os dias. Obrigado, meus amigos, por esta homenagem. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ilustres componentes da Mesa, nosso homenageado, Dona Marisa, Senhoras e Senhores. O Barrionuevo iniciou suas atividades como jornalista em Porto Alegre, cobrindo a Câmara Municipal de Porto Alegre, como lembrou bem o Ver. João Dib.

Senhores e Senhoras, eu tive a oportunidade de presidir diversas Sessões Solenes. Certa vez, presidindo uma Sessão Solene, a Câmara concedeu o Título de Cidadão de Porto Alegre a um estrangeiro, um senhor húngaro. Lembro-me que ele chegou à Mesa e disse que não queria falar porque dizia não saber falar, e eu insisti para que ele falasse alguma coisa. Ele disse assim: - "Eu era filho adotivo de Porto Alegre, me sentia adotivo de Porto Alegre e agora sou filho legítimo de Porto Alegre." E terminou a sua exposição.

Terminando esta nossa homenagem, gostaria de dizer que nosso Barrionuevo passa a ser, a partir de agora, filho legítimo desta Cidade bela, maravilhosa e grande, que é a nossa Porto Alegre. E quem de nós - e acredito que todo brasileiro - não gostaria de ser um pouco, também, filho legítimo da Cidade de Porto Alegre?

Parabéns em nome da Mesa Diretora, parabéns em nome de todos os Vereadores, em nome dos presentes. Registramos e agradecemos a presença de todos. Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h10min.)

 

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